sexta-feira, 4 de maio de 2012

Encontro

 - Tenho aqui umas paisagens que deverias gostar.
Disseste.
Já falávamos há umas horas, e a conversa que inicialmente era um pouco formal,
rapidamente se tornou ligeira e brincalhona.
A minha curiosidade em conhecer o "dono" daquela voz foi aumentando.
Já tinha visto as fotos, mas, desde a invenção dos programas de manipulação de imagem, deixei de acreditar em fotos.

Atrevida, peguei da "deixa".
- E estás disposto a aturar-me? Em 30 minutos estou aí.
Não sei se pelo susto, se por de estares a pensar nos prós e contras, demoraste um pouco e quando respondeste foi de uma forma insegura.
- Claro que sim, não posso estar muito tempo contigo, mas posso levar-te aos locais.

Durante o percurso a metade "madura" do meu cérebro ponderava, na forma louca e inconsequente com que me predisponho para as situações. No entanto, desde que travamos conhecimento, sempre pareceste em "sintonia", sempre cuidadoso comigo, sempre formal e distante, e a curiosidade de te conhecer pessoalmente tido sido criada ao longo dos últimos meses.

Com as tuas indicações lá cheguei á portaria onde deverias ir buscar-me.
Sorri pelo formigueiro que sentia ( sou tão catraia).
Avisei pelo telemóvel.
- Cheguei
- Estaciona, já te vou buscar.

Quando te vi aproximar não quis acreditar, o "dono " da voz era também "dono" de um figura invejável; alto, atlético, cuidado, sério, quase altivo. Saí do carro, um pouco intimidada.
- Olá, disse.
- Então, como estás? foi difícil chegar ?
- Não muito, só me perdi uma vez.
Esta conversa formal e social, disfarçava, espero eu, a velocidade do meu pensamento, a forma como me senti demasiado pequena e insignificante perante o "exemplar" masculino que tinha na minha frente.

O resto da tarde é um pouco confusa na minha memória, mistura a paisagem deslumbrante com que me presenteaste com os pensamentos de puro pecado que me cruzavam a mente.
Quando descrevias cada paisagem posso quase jurar que havia pequenas faiscas a sair de cada poro da minha pele.
As tuas mãos, que escondias nos bolsos, quando as via, quase me faziam implorar para as sentir.
E aquele pequeno passeio por entre árvores e arbustos, foi um atentado ao meu controlo, porque a vontade de me encostar ao teu peito e esquecer as regras sociais, era tão forte que receei fosse visível no meu rosto.


Deste nosso primeiro encontro, ficou a vontade de mais, o desejo de descobrir as possibilidades, e o gosto acre de não saber se era um desejo correspondido. Deixaste-me de água na boca.

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